sábado, 14 de junho de 2008

...VER-TE...


… VER-TE …
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Quero ver-te.
E então cerro os olhos, para que
Não se distraiam
Com o brilho que te encobre.


Quero saber-te.
E então viro-me para dentro,
Onde sei que
Te encontro, mais perto do que sem medidas,
Mais perto do que pele com pele.


Quero dizer-te.
E então fecho-me e sigo,
Entre mundos,
Até ao avesso,
Onde as palavras são anacrónicos signos
E a luz mal acompanha o que precisas
Ouvir.

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E quando te quero comigo, viajo até ao Infinito,
Eternidade presente,
Que só a gente pressente,
Porque sente,
Porque sente…
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Casa do Jardim_02

...Da Música Nos Passos...

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...Da Música Nos Passos...


Os meus recantos são
O ninho dos meus passos:
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Os meus cantos são a carícia do vento,
A melodia sobre o mar, a ternura
Do sol que me visita na pele

Os meus cantos são os espaços
Sem vazio, a ausência
De rastos ou de rostos

Os meus cantos são a luz convexa do orvalho,
A teia de frios da emoção, o leve
Gesto da boca que responde a um
Sorriso-sem-querer e o brilho de um
Olhar que navega na surpresa

Os meus cantos são a dança e
A música nos passos
Quando não vêem o chão
E o mundo não tem recantos
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_E eu não penso em chegar


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Casa das Fontes_02/06/08


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terça-feira, 10 de junho de 2008

...QUEM SUSPEITA...








SUSPEITA QUEM



Sonha-me uma boca,

Desenha-me um beijo,

Esculpe-me um desejo;

Sem lugar no tempo

Abraça-me no vento,

Dança-me um céu,

(Suspeita quem sou eu).


...


Sem vista, ou horizonte,

Ou a luz da inverdade,

Faz-te claridade

Além sol, estrela ou lua,

Pele ou crença, nua e crua.

És apenas um efeito,

Sem palavras, sem defeito,

Quem suspeita

Quem sou eu.



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Casa das Fontes – 07/06


quarta-feira, 4 de junho de 2008

...LUA...





LUA





Estilhaça-se no

Mar.

O seu poder

Convoca as

Estrelas, que

Descendo, constroem

Sua rota sobre

As águas.

Ela domina o

Seu reino:

A noite não é

Treva!

_ A lua vela _


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Casa da Água - Livro II – 04-05

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...POENTE...

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...POENTE...






Um raio de luz
Atrasou-se
Na chamada que
Lhe fiz.
Alguns espaços, então,
Devo-lhe, e à penumbra,
O ter ficado em
Sossego
_ Enquanto o cortejo
De sóis
Não esperou mais
Por nós, nem quis saber
Mais de mim.
Dei um salto, prossegui, mas
O que então
Consegui
Roubei-o decerto
E só, ao passo
De dança
Do raio de sol
Que não parou
_nem seguiu_
E que continua aqui:
Bem centrado,
No meu eixo,
De tempos sem tempo
Sustento,
Na linha que me
Faz vida.
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Casa das Fontes _ 27/08/06
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