quarta-feira, 23 de julho de 2008

Poesia Não É Coisa Rara...




POESIA NÃO É COISA RARA...


SÓ DE ALGUNS...PARA MUITO POUCOS, NÃO!...



Respira-se,
mais do que se suspira;
infiltra-se,
mais quando se ouve
do que quando se lê,
_algo que volteia
entre pausa e música
_pois também se move
e quase que se morre, por vezes,
só de a sentir...



E às vezes nem dá tempo
de se escrever:
é só um rodopio de ar
entre um golpe de luz
e o odor a mar;

um rasgo de cor
que atravessa
o corpo
quando não sente
estrada,
sapato ou frio,
e, feito de tonto,
se ri da dor;

e também é gente,
grande em gestos pequenos
que fazem o dia;
e é ela a que vê
quando mais ninguém sonha
poder ser de amor
a fome que urge
quando a voz é rude
e maltrata alguém...



_e aí é cura, a poesia: a mão,
a voz, o olhar-ternura...
...e apenas faz o mundo
um pouco melhor


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Casa das Fontes _ 08/02/08




domingo, 13 de julho de 2008

...Meditações...

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COGIMEDITAÇÕES




Também há peixes no oceano

Que se passeia no céu

Quando, tomado de mágoa,

Eleva seu cinzento

Em pesada meditação?

É por estar tão triste

Que chora suas lágrimas

Sobre nós, aliviando

Seu peso, enquanto

Renova seu sustento?
.
.
E é por roubar o céu

Que a sua tristeza

Nos deixa tão “blue” ?

.
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(Em tempo de "clarissa")03/02





sexta-feira, 11 de julho de 2008

...BEIRA-AMAR...

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... BEIRA-AMAR ...
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Vives na prega
Do Verão
Onde só o
Vento infringe
O silêncio,
Ou apenas se
Consente o balbuciar
Da onda que,
Gentil, se declina face ao
Portal da Terra.
Aí vem bater,
Trazendo como oferta
Colares de pérolas
Em fios de espuma;
E é aí, onde as pedras
Se fragmentam
Para receber o Céu
Em espelho,
Que, juntos, celebram
Essas visitas.


... E enredas-te no todo:
Ritmo, batida _ e coro _,
Subjugada à magia, maré,
Intuída maestria
Que nos dita _
A quem a ouça _
Quando é
A hora
De entoar a
Melodia que
Gere a
Dança em
Que tudo
Vive.

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Casa das Fontes_08/06







quinta-feira, 3 de julho de 2008




RAIZ DE VIAJAR



Ter raiz de
Viajar
Ser caminhante,
Peregrino
Por bosques
De finas lâminas,
Por entre tempos
Sem tempo
De futuros,
De passados:

Apenas por nostalgia
Do tempo
Que então viria
Para tudo tornar claro

Vidas em folhas
Por outros muitos escritas
Memórias nas
Minhas peles de
Eterno mutante
À espera do momento
De encontrar-me
- Com todos os pedaços
De
Alma
Que darão forma
Final
Ao enorme
Buraco negro
Que se passeia em vida


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Casa da Água - Livro II – 04-05







terça-feira, 1 de julho de 2008

...SOU UM RUMOR...




...SOU UM RUMOR...




Sou um rumor
Sob as espumas

Sou sal
Que pica nos
Olhos

Sou o vento
E a gaivota

O voo alerta,
O abandono;

Sou o calafrio
Em pelo

Sou a pele
Nua e quente

Sou grão de
Areia
Brilhante

Ou o odor
Acre da alga

Sou o gume
Desta casca,

A suavidade
Do seixo


Não sei o que
Não sou ainda
- Mas vou ser!,

Assim o queira.



……………
Casa da Água - Livro II – 04-05





...SOU A ASA...






SOU A ASA…



Sou a asa que
Sulca o éter,
Fende nuvens,
Fere ventos;
Mas, olhando longe,
Nem alegre, nem
Triste, ignora
A sua gémea
Que partilha
A luta
_ Pelo sempre indiferente…



Sou a onda que
Passeia os seus
Sonhos
Em superfícies de
Rendas de espuma e brilho;
Mas que vive
Do élan que
Revolve os fundos
De oceanos _ sempre,
Sempre, em busca
De algo mais além,

_ Ou apenas de si…



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Casa da Água_03/03


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